Os transtornos causados pela precariedade da estrutura física e das condições de trabalho na rotina de funcionários e alunos da rede municipal de ensino, foram comprovados em números. A necessidade de reformas nos imóveis, a ausência de biblioteca e de espaço para recreação, além do déficit de professores são alguns itens do levantamento feito pelo sindicato dos professores, APLB, neste ano.
Entre fevereiro e março, 100 escolas responderam um questionário que serviu para desvelar e quantificar a realidade da maioria das 418 unidades da rede. Em visita a 11 delas, A TARDE comprovou as dificuldades e encontrou outras além das identificadas no estudo do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia.
Alguns exemplos: os livros e jogos didáticos não ocupam uma biblioteca na Escola Maria Bonfim, no bairro da Liberdade, e na Cecília Meireles, em Castelo Branco. São empilhados em armários e estantes entre duas salas. As carteiras destinadas à leitura e pesquisa estão danificadas e sem apoio. É desta forma que os 1.120 estudantes das escolas têm acesso ao acervo das instituições.
No único banheiro, na Maria Bonfim, a água chega por uma mangueira que atravessa o imóvel. Já na Cônego Orlando Teles, em Santa Luzia do Lobato, o limo toma conta das paredes dos banheiros e, na Joir Ribeiro, em Brotas, eles não têm portas. “Faltam carteiras e o muro da quadra está para desabar”, conta Luciana de Jesus, 30 anos, mãe de uma aluna.
Estratégias - O costume de conviver com restrições leva a criar meios de driblar as adversidades. Na semana passada os professores da unidade em Santa Luzia do Lobato ratearam R$ 150 para a compra de 15 lâmpadas. Na Escola Santa Luzia do Lobato, os professores compraram o batente do portão para evitar alagamento e gastaram R$ 300 para pintar a fachada.
Outro artifício é a rede de doações entre gestores ou organismos como ONGs. No caso da unidade Professora Sônia Cavalcanti, em Cajazeira VIII, por exemplo, a ajuda vem de uma Organização Não Governamental do bairro.
Recursos - “A situação é crítica. Na terça-feira (17) irei ao Ministério Público e na OAB para traçar um plano emergencial que amenize o problema”, declarou o secretário municipal de Educação e Cultura, João Carlos Bacelar. Segundo ele, as constatações do relatório são conhecidas pela gestão municipal.
O secretário promete a construção de 10 novas escolas e a inauguração de unidades em Coutos e Alphavile este mês. O recurso no valor de R$ 70 milhões está garantido para custear parte da reestruturação, garante ele. “Não iremos fazer tudo, mas deixaremos a rede melhor”, diz. Nesta segunda, 16, às 14 horas, o projeto de reestruturação das escolas de Salvador será apresentado. “Esperamos saber os prazos e o que será realizado nas unidades”, contrapõe Elza Melo, diretora da APLB Sindicato.
Post: Consuêlo Reis
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